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Durante toda a Quaresma, Dom Laurence envia suas reflexões diárias para a Comunidade.
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D. Laurence Freeman
Uma vez visitei um homem no hospital que havia apontado uma faca para sua esposa e filho, quando ela disse que o estava deixando. Em um estado transtornado, ele virou a faca para si mesmo. Quando o vi, ele estava mais calmo, mas em um imenso sofrimento interior e totalmente sem ideia sobre os motivos que o haviam levado ao seu infeliz e arrependido estado.
Ele me contou que ficou totalmente surpreso, estava despreparado para o que a esposa lhe dissera. Ele insistia que ao longo de todo o seu casamento estava tão apaixonado quanto no início do relacionamento. E, segundo ele, nunca tiveram qualquer tipo de desacordo, pelo contrário, sempre estiveram sintonizados e dedicados um ao outro.
D. Laurence Freeman
Em última análise a limpeza das portas de percepção leva à pureza do coração e à consumação de toda percepção consciente na visão de Deus.
Cada grau de percepção – eles não podem ser numerados – é uma porta que leva a outra. Se alcançarmos um determinado nível de consciência – por exemplo: na paz e clareza da mente ou na consciência sem imagens – seremos tentados a pensar que chegamos ao fim da jornada. Deus, no entanto, em direção a quem a jornada está sendo feita, é infinitamente simples. Chegar sempre significa começar de novo.
D. Laurence Freeman
As pessoas que meditam podem ser as mais egocêntricas, especialmente se a limpeza das portas da percepção (vejam a leitura de ontem) fica presa à porta inicial. A percepção de nosso egotismo, apesar de ser desconfortável, é libertadora, mas apenas se ela se expande para além de si mesma. Se a contemplação se mantém fixa em sua auto-percepção, trai o objetivo da jornada, que é a percepção centrada no outro. No treinamento de crianças, chamamos isso de “prensar nos outros”, que se refere ao respeito social básico. Mas o sentido mais profundo é a percepção direta e clara dos outros, de suas necessidades e de sua bondade, que ocorre quando adquirimos sutileza suficiente para atravessar as paredes da caverna de nosso ego.
D. Laurence Freeman
William Blake disse que se pudéssemos limpar as portas da percepção nós veríamos tudo como verdadeiramente é: infinito. "Pois o homem se fechou, até o ponto em que enxergue as coisas através de fendas estreitas da sua caverna."
É sempre tentador achar que as soluções estão fora de nós mesmos. Outros que falham em colaborar então podem ser culpados pelo problema. Lentamente na vida aprendemos que não podemos mudar o mundo ou as outras pessoas até que tenhamos primeiro mudado a nós mesmos. É perturbador que isso seja uma lei universal mas que não exista forma de lidar com êxito com ela.
D. Laurence Freeman
Conduzindo um retiro na Itália no último fim de semana, aprendi duas coisas sobre minha percepção do mundo, eu que pensava que via com precisão.
A primeira aconteceu depois que falei sobre o propósito e o valor de “fazer algo na Quaresma”, tema que as leituras diárias das últimas semanas tem repetido regularmente. Como fazer - ou não fazer algo - pode ajudar a reorientar nossas mentes e corações, mudar padrões antigos e até mesmo, sem nos fazer violência, desencadear ou melhorar níveis mais profundos de transformação.
Lembre-se: Sente-se. Sente-se imóvel e, com a coluna ereta. Feche levemente os olhos. Sente-se relaxada(o), mas, atenta(o). Em silêncio, interiormente, comece a repetir uma única palavra. Recomendamos a palavra-oração "Maranatha". Recite-a em quatro silabas de igual duração. Ouça-a à medida que a pronuncia, suavemente mas continuamente. Não pense, nem imagine nada, nem de ordem espiritual, nem de qualquer outra ordem. Pensamentos e imagens provavelmente afluirão, mas, deixe-os passar. Simplesmente, continue a voltar sua atenção, com humildade e simplicidade, à fiel repetição de sua palavra, do início ao fim de sua meditação.