Laurence Freeman OSB - WCCM
"Carta Doze" - Leitura de 02/08/2010
Laurence Freeman OSB, WEB OF SILENCE
Tradução de Roldano Giuntoli
 

Qualquer um que já tenha se sentado para estar imóvel, imediatamente conecta o primeiro nível de consciência, um pouco abaixo da superfície de atenção do  funcionamento cotidiano da mente. Trata-se de uma dura constatação do grau de indisciplina e inquietude na nossa mente de macaquinhos... Santa Teresa comparava isso a um navio cuja tripulação se amotinou, prendeu o capitão e se revesa caoticamente no comando do navio.  Alguns dias podem ser melhores do que outros, em matéria de distração, mas até isto, apenas prova como é inconstante a superfície de nossa mente, como depende das condições externas, como somos descentrados....

“Por isso vos digo: não vos preocupeis com a vossa vida quanto ao que haveis de comer, nem com o vosso corpo quanto ao que haveis de vestir.  Não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que a roupa? (Mt 6, 26)  Nossa meta é a de ser no presente momento, que é o único momento de realidade, de encontro com o Deus que é “Eu Sou”.   No entanto, em questão de segundos, estamos pensando pensamentos de ontem, fazendo planos para amanhã, ou encadeando sonhos e desejos de realização no reino da fantasia.   “Buscai em primeiro lugar seu Reino e sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas. Não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de manhã se preocupará consigo mesmo”. (Mt 6, 33) [. . .]

A descoberta do nosso nível de distrações é humilhante. Assim, nos ajuda a lembrar que se trata de uma descoberta universal-- -por que outra razão teria João Cassiano recomendado o mantra (ele o chamou de "fórmula") há mil e seiscentos anos atrás? . . . Diante desta descoberta é fácil ficar nos desencorajarmos e darmos as costas para meditação. "Não é meu tipo de espiritualidade. Eu não sou do tipo de pessoa disciplinada. Por que meu período de oração deve ser mais um período de trabalho?

O que precisamos acima de tudo neste estagio ... é de um discernimento do significado da meditação e de uma sede que brota de um nível mais profundo de consciência do que aquele ao qual estamos presos.  Portanto, é aqui, logo de saída, que encontramos, ainda que não o reconheçamos dessa maneira, a disposição para a graça. Vem de fora, na forma de ensinamento, tradição, amizade espiritual e inspiração. De dentro, vem como aquela intiuitiva sede por experiências mais profundas. Cristo, que como Espírito está tanto dentro quanto fora de nós, parece nos empurrar de fora, e nos puxar de dentro.

A compreensão clara, desde o início, do que é o significado e o propósito do mantra, nos ajuda.  Não se trata de uma varinha de condão que esvazia a mente, ou um interruptor que nos liga a Deus, mas, de uma disciplina, “que começa na fé e termina no amor”, que nos leva à pobreza do espírito.  Não repetimos o mantra para eliminar as distrações, mas para nos ajudar desviar nossa atenção delas.  Apenas para descobrir que somos, ainda que modestamente, livres para dirigir nossa atenção em outra direção é o primeiro grande despertar.  Trata-se do início do aprofundamento da consciência, que permite deixar as distrações na superfície, tal como as ondas na superfície do oceano

Medite por Trinta Minutos
Lembre-se: Sente-se. Sente-se imóvel e, com a coluna ereta. Feche levemente os olhos. Sente-se relaxado, mas, atento. Em silêncio, interiormente, comece a repetir uma única palavra. Recomendamos a palavra-oração "Maranatha". Recite-a em quatro silabas de igual duração. Ouça-a à medida que a pronuncia, suavemente mas continuamente. Não pense nem imagine nada, nem de ordem espiritual, nem de qualquer outra ordem. Pensamentos e imagens provavelmente afluirão, mas, deixe-os passar. Simplesmente, continue a voltar sua atenção, com humildade e simplicidade, à fiel repetição de sua palavra, do início ao fim de sua meditação.

 
 
Comunidade Mundial de Meditação Cristã