"Carta Três" - Leitura de 02/03/2008
WEB OF SILENCE(London: Darton, Longman, Todd, 1996), pgs. 28-29, 31.
Tradução de Roldano Giuntoli

O amor gera tudo aquilo que nós separamos, em nossas mentes, em diferentes funções de nossa relação com Deus; ele cria; ele alimenta, cresce e orienta; ele redime; ele lança raízes e transcende; ele corrige e cura. Na revelação cristã do significado do amor, a meditação é o poder da prece que prende nossa atenção no imóvel ponto da conversão... Ao criarmos raízes neste local de transformação, que não é geográfico, mas, espiritual, nosso próprio e mais profundo centro, nos modificamos: deixamos de ser uma aproximação, uma mera imitação de nós mesmos, para nos tornarmos o exato original de quem nós somos.

“Exorto-vos, portanto, irmãos, pela misericórdia de Deus, a que ofereçais vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: este é o vosso culto espiritual. E não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos, renovando a vossa mente” (Romanos 12:1-2).

A vida do espírito na natureza humana é uma contínua repadronização. O salto de fé, a cujo aperfeiçoamento dedicamos nossas vidas, é simplesmente o único salto pelo qual deixamos que nossas mentes sejam transformadas e, que todo nosso ser seja transfigurado. Em vez de lermos “este mundo”, leiamos “ego”: a parcela que pensa que é o todo. Ele veio a bloquear involuntariamente e, a distorcer inconscientemente, o mistério da vida, em razão dos padrões que ele criou através da dor e da rejeição; a percepção de um mundo sem amor. [...]

Mesmo se a meditação nada mais fosse do que uma breve imersão diária no reino interior, mereceria nossa completa atenção. Porém, ela é mais do que uma fuga temporária da prisão de nossos padrões de medo e de desejo. Por mais complexos que sejam esses padrões, que nos fazem temer a morte e o verdadeiro amor que são necessários ao nosso crescimento e sobrevivência, a meditação os simplifica a todos.

Dia após dia, meditação após meditação, esse processo de simplificação prossegue. Gradualmente nos tornamos mais destemidos, até saborearmos a total liberdade do medo, na felicidade de nos sentirmos libertos das imagens e recordações do desejo. E, então, e, até mesmo antes disso, nos tornamos úteis aos outros, aptos a amar sem medo ou desejo... livres para servir o Ser, que é o Cristo interior.

Laurence Freeman OSB

Medite por Trinta Minutos
Sente-se confortavelmente, mas com a coluna ereta. Feche levemente os olhos. Sente-se relaxado mas atento. Em silêncio, interiormente, comece a repetir uma única palavra. Recomendamos a palavra-oração "Maranatha". Recite-a como quatro silabas de igual duração Ma-ra-na-tha, em ritmo lento. Ouça-a à medida que a pronuncia, suavemente mas continuamente. Não pense nem imagine nada - nem de ordem espiritual nem de qualquer outra ordem. Se pensamentos e imagens afluírem à mente, trate-os como distrações e simplesmente retorne à repetição da palavra.

Comunidade Mundial de Meditação Cristã