Dom Laurence Freeman, OSB - WCCM
"O Ciclo do Amor" - Leitura de 07/09/2008
THE SELFLESS SELF (London: Darton, Longman, Todd, 1989) págs. 106-108.
Tradução de Roldano Giuntoli
 

Uma das condições humanas mais comuns e, talvez, a principal causa de sofrimento, é o sentimento de não ser amado. Várias são as razões pelas quais, podemos vir a sentir que não somos amados, ou não somos valorizados pelo que somos: porque nosso amor pelos outros não é correspondido, porque essencialmente não nos sentimos dignos de amor, porque nos sentimos não merecedores, ou inadequados emocionalmente. Seja porque nos mantenhamos inconscientes de nosso verdadeiro valor, ou porque amemos sem uma resposta complementar, o sentimento de não sermos amados nos causa o mais profundo sofrimento. Torna necessário, que vivamos cada dia enfrentando um arraigado e, crescente, sentimento de não-ser.

Por não nos sentirmos amados, tememos a não-entidade. O aprendizado de viver em mais do que apenas um nível de enfrentamento, de sobrevivência, envolve a descoberta de como podemos reagir a essa sentimento de ânsia-de-amor e, de reagirmos, não por evasão, auto-distração ou entorpecimento, mas, por verdadeiramente o encararmos e lidarmos com ele...

O Evangelho nos diz para reagir com a fidelidade e, dar meia volta. Olhe para o outro lado. “Continue a amar”, nos diz o Evangelho, assim como, nos diz o ensinamento da meditação, “mantenha a repetição do mantra”. Caso você se mantenha fiel, em meio a essa dor, caso continue a se voltar para fora, apesar de não se sentir amado, então, você crescerá para além desse sentimento e, a dor da perda ou da ausência se transformará na dor do crescimento... Mas, como crescemos? Como é que continuamos a nos voltar para o lado certo? ...

Com fidelidade ao processo de conversão iniciado pelo mantra, começamos a ser compreendidos por um dos grandes mistérios da meditação que, também, é seu verdadeiro teste. É o de que, por meditar fielmente, nos tornamos pessoas que amam mais. Trata-se, porém, de uma jornada... Na prece, há um esforço continuado na direção de nossa própria fonte, até que o amor que quer alcançar o mundo, alcança sua própria fonte, no verdadeiro centro de nosso ser. Ali, descobrimos que nossa verdadeira capacidade e ânsia de amar, é uma dádiva de Deus. Por mais que, dali em diante, nos sintamos inadequados, indignos, ou não-amados, nunca podemos nos desesperar. Pois, trata-se de sabermos que o amor que sentimos e ansiamos transmitir, é uma qualidade divina, sabemos que tudo o que somos e sentimos, é conhecido e, está contido, pelo amor de Deus...

Medite por Trinta Minutos
Sente-se confortavelmente, mas com a coluna ereta. Feche levemente os olhos. Sente-se relaxado mas atento. Em silêncio, interiormente, comece a repetir uma única palavra. Recomendamos a palavra-oração "Maranatha". Recite-a como quatro silabas de igual duração Ma-ra-na-tha, em ritmo lento. Ouça-a à medida que a pronuncia, suavemente mas continuamente. Não pense nem imagine nada - nem de ordem espiritual nem de qualquer outra ordem. Se pensamentos e imagens afluírem à mente, trate-os como distrações e simplesmente retorne à repetição da palavra.

Comunidade Mundial de Meditação Cristã