"Beijar a Alegria em Vôo" - Leitura
de 25/04/2011 John Main OSB, THE HEART OF CREATION (New York: Continuum, 1998), pgs. 74-75. Tradução de Roldano Giuntoli |
A meditação se ocupa do desapego. E, uma vez que não há, no vocabulário religioso ocidental, palavra mais mal compreendida do que desapego, a meditação pode, frequentemente, apresentar para as pessoas problemas ou complicações desnecessários. Em geral, parece-nos que o desapego signifique um frio tipo de indiferença platônica, e foi isso que afastou a maioria de nós da idéia, quando dela tomamos conhecimento em muitos livros da espiritualidade do passado, que falavam da vida cristã de um ponto de vista do desapego fortemente negativo ou repressivo. No entanto, sinto que o desapego seja a lição mais importante que a meditação hoje tem a nos ensinar, homens e mulheres ocidentais influenciados por essa cultura religiosa frequentemente mal enfatizada. Desapego não é uma dissociação de você mesmo, ou uma fuga de seus problemas ou responsabilidades. Não se trata de uma negação da amizade ou afeição, ou mesmo da paixão. Desapego, essencialmente, é o desapego da preocupação consigo, daquela mentalidade, frequentemente inconsciente, que se coloca no centro de toda a criação. Desapego também se ocupa de um comprometimento com a amizade, de uma fraternidade inabalável, de um amor que vai além do si mesmo para se oferecer aos outros. Desapego é o que torna possível o amor, porque o amor só é possível se estivermos desapegados da preocupação consigo, se migrarmos para fora do auto-isolamento, se nos libertarmos da auto-indulgência. O desapego envolve uma desconexão com a prática de se usar as pessoas para os próprios objetivos, e essa é a importante lição que precisamos aprender da meditação, o desapego é a libertação da ansiedade que sinto com a sobrevivência de minha própria pessoa. A vida nos ensina a todos que, em sua essência, amar é nos perdermos na realidade maior do outro, dos outros, e de Deus. O desapego do auto-centrismo nos liberta para o amor, de maneira a não mais estarmos sujeitos à busca animal pela sobrevivência. O desprendimento demanda uma confiança plenamente humana: confiança no outro, tanto nas outras pessoas, quanto em Deus. Demanda uma disposição de entrega, de desistir do controle, e de ser. Por meio do aprendizado da repetição de seu mantra, na meditação, você aprende a confiar, você aprende a ser. Na verdade, a alegria da meditação reside no fato de que ela é uma celebração do ser, uma celebração de pura alegria ao receber sua vida como dádiva, e fazer aquilo que Blake chamou de "beijar a alegria em vôo". |
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