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John Main OSB, extraído do livro Monastery Without Walls (London: Canterbury, 2006), pgs 224-226.
A sanidade mental e o equilíbrio significam conhecer o contexto em que vivemos. Esse tipo de conhecimento nos torna sensíveis à presença de Deus em todos os nossos ambientes. Pela única maneira segura, que é a da experiência, a meditação nos ensina que a presença de Deus não está fora de nós. Ela é interior porque é a presença que constitui e integra o mais profundo fundamento de nosso ser. Ao sentirmos isso, não mais buscamos a presença de Deus apenas nas externalidades de nossa vida, ou de maneira transcendente. . . .[Não] mais procuramos possuir ou manipular Deus. Em vez disso a presença dele nos envolve, interna e externamente, porque sabemos que a presença permeia todas as coisas, e é o fundamento de tudo o que é.
Ser possuído por Deus, dessa maneira, é a única liberdade verdadeira. A tirania do amor é o único verdadeiro relacionamento. É inevitável termos medo disso, à medida que isso surge e se desenvolve ao longo de nossa peregrinação, porque nosso entendimento inicial da liberdade é muito diferente disso. Ingenuamente, imaginamos que seja a liberdade de escolha do que fazer, em vez da de ser. Todavia, caso tenhamos a coragem de ser suficientemente simples e humildes para adentrar a liberdade real, descobrimos, em nosso interior, o poder da fé que é inquebrantável. A confiança cristã é a descoberta dessa qualidade inquebrável, e essa confiança confere poder à dádiva do ser e, portanto, também fundamenta a compaixão, a tolerância e a aceitação. Essa descoberta nos torna maravilhosamente seguros em nossa própria existência, e nessa segurança ganhamos o poder de baixar as nossas defesas, e de nos tornarmos disponíveis para os outros. Nossa fé é inquebrável, e não é rígida, porque ela é una com o sempiterno fundamento do ser.[...]
A maior dificuldade é a de começar, dar o primeiro passo, e se lançar para as profundezas da realidade de Deus que se revela em Cristo. Uma vez que tenhamos deixado para trás as praias da nossa identidade, logo aproveitamos as correntezas que nos conferem movimento e direção. Quanto maior a nossa quietude e atenção, tanto mais sensível será nossa reação a essas correntezas. Assim, também, nossa fé se torna mais absoluta e verdadeiramente espiritual. Por meio da quietude no espírito, nos lançamos ao oceano de Deus. Caso tenhamos a coragem de deixar a praia, não fracassaremos em encontrar essa direção e energia. Quanto mais nos afastamos, mais forte torna-se a correnteza, e mais profunda nossa fé. Por algum tempo, o paradoxo de que o horizonte parece estar sempre se afastando, desafia a fé. Para onde estamos indo com essa fé mais profunda? Quando é que chegaremos? Então, gradativamente, reconhecemos o significado da correnteza que nos dirige, e compreendemos que o oceano é infinito.
original em inglês:
An excerpt from John Main OSB, “The Oceans of God,” in MONASTERY WITHOUT WALLS: The Spiritual Letters of John Main (London: Canterbury, 2006), pp 224-226
Sanity and balance mean knowing the context in which we live, This kind of knowledge makes us sensitive to the presence of God in all our surroundings. Meditation teaches us, in the only certain way, by experience, that God’s presence is not external to us. It is interior because it is the presence that constitutes and holds together the deepest ground of our being, Feeling this we no longer look for God’s presence just in the externals of our life or in transcendent ways. . . . [W]e no longer try to possess or manipulate God. Instead we are grasped by his presence, interiorly and exteriorly, because we know that the presence is all pervasive, the ground of all that is.
To be possessed by God in this way is the only true freedom. The tyranny of love is the only true relationship. Inevitably we fear this as it develops and emerges during our pilgrimage because our initial sense of freedom is so different. It is naively imagined as the freedom to choose what to do rather than to be. But if we have the courage to be simple and humble enough to enter real freedom we discover within ourselves the power of a faith that is unshakable. Christian confidence is the discovery of this unshakeability and this confidence empowers the gift of self and therefore also underlies compassion, tolerance and acceptance. We are made wonderfully secure in our own existence by this discovery and in this security we are empowered to drop our defenses and to go out to the other. Our faith is unshakeable, not rigid, because it is one with the ever-living ground of being. [. . . .]
The greatest difficulty is to begin, to take the first step and launch out into the depth reality of God revealed in Christ. Once we have left the shore of our self we soon pick up the currents of reality that give us our direction and momentum. The more still and attentive we are, the more sensitively we respond to these currents. And so the more absolute and truly spiritual our faith becomes. By stillness in the spirit we move into the ocean of God. If we have the courage to push off from the shore we will not fail to find this direction and energy. The further out we travel the stronger the current becomes, and the deeper our faith. For a while faith is challenged by the paradox that the horizon of our destination seems to be always receding. Where are we going with this deeper faith? When will we arrive? Then, gradually we recognize the meaning of the current that guides us and see that the ocean is infinite.
Lembre-se: Sente-se. Sente-se imóvel e, com a coluna ereta. Feche levemente os olhos. Sente-se relaxada(o), mas, atenta(o). Em silêncio, interiormente, comece a repetir uma única palavra. Recomendamos a palavra-oração "Maranatha". Recite-a em quatro silabas de igual duração. Ouça-a à medida que a pronuncia, suavemente mas continuamente. Não pense, nem imagine nada, nem de ordem espiritual, nem de qualquer outra ordem. Pensamentos e imagens provavelmente afluirão, mas, deixe-os passar. Simplesmente, continue a voltar sua atenção, com humildade e simplicidade, à fiel repetição de sua palavra, do início ao fim de sua meditação.