Quinta-feira Santa

D. Laurence Freeman

Reflexões da Quaresma - Laurence Freeman

Já não os chamo servos. Eu os chamo amigos porque lhes dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai.


O dom de si mesmo na refeição ritual é essencialmente o mesmo que a oferta que ele faz da sua morte na Cruz. O contexto da refeição é comunitário e íntimo, uma ocasião familiar. Somente aqueles que se sentiam seus discípulos iriam querer compartilhar dessa refeição – embora ele dificilmente fosse rejeitar qualquer pessoa com fome que estivesse por lá. No Calvário, o mesmo dom de si se expande até adquirir proporções globais, até mesmo cósmicas. A Cruz é uma intensificação da Última Ceia, mas ambos são essencial e autenticamente pessoais. Não pensamos na intimidade como algo que acontece em uma escala cósmica, mas neste caso devemos tentar imaginá-lo. O significado completo depende de esse dom de si mesmo ser ilimitado e romper todos as amarras.


O dom da amizade redefine a experiência humana de Deus de forma muito diferente daquela dos adoradores de um monarca absolutista ou empregados de um magnata. Se uma figura poderosa de repente põe o braço em volta do seu ombro e o chama de seu amigo, você pode se sentir lisonjeado, mas também desconfiar que essa pessoa só esteja te usando. Mas se a pessoa que faz isso está no ponto em que seu poder está mais baixo que nunca e abre a intimidade a partir deste lugar da mais absoluta vulnerabilidade, a opção de aceitá-lo ou não define você tão bem quanto a ele.


Esta é uma abordagem psicológica para a Quinta-feira Santa. A mística é mais profunda e verdadeira. Como podem um ritual e os elementos de uma refeição de repente se tornar a energia da matéria espiritualizada que nutre a alma, alimenta o desejo de amor do coração e faz de estranhos uma comunidade? Ninguém tem que provar isso – exceto no campo de sua própria experiência. A realidade da Eucaristia dissolve as minúcias intelectuais e a regulação legalista numa corredeira de gratidão que é liberada entre aqueles que simplesmente partilham o pão e o vinho.

 


 

Texto original em inglês

Holy Thursday

I call you servants no longer. I call you friends because I have shared with you everything I have learned from my Father.

The gift of himself in the ritual meal is essentially the same as the offering he makes of his death on the Cross. The context of the meal is communal and intimate, a family occasion. Only those who feel they are his disciples would want to share this meal – though he would hardly refuse any hungry person who happened to be there. On Calvary the same gift of self expands to global and even cosmic proportions. The Cross is a scaling up of the Last Supper but both are essentially and authentically personal. We don’t think of intimacy as happening on a cosmic scale but in this case we should try to imagine it. The full meaning depends on this gift of self being boundless and breaking all bonds.

His gift of friendship redefines the human experience of God very differently from that of worshippers of an absolute monarch or employees of a tycoon. If a powerful figure suddenly puts his arm round you and calls you his friend you might be flattered but suspicious that he’s just using you. But if the person who does so is at their lowest ebb of power and opens intimacy from this place of utter vulnerability, the choice to accept or evade is one that defines you as well as him.

This is a psychological approach to Holy Thursday. The mystical is deeper and truer. How can a ritual and the elements of a meal suddenly become the energy of spiritualized matter that nourishes the soul, feeds the love-longing of the heart and makes a community of strangers? No one has to prove this – except in the field of their own experience. The reality of the Eucharist sweeps away intellectual hair-splitting and legalistic regulation in the rush of gratitude that is released in those who simply share the bread and wine.

 

Medite por Trinta Minutos

Lembre-se: Sente-se. Sente-se imóvel e, com a coluna ereta. Feche levemente os olhos. Sente-se relaxada(o), mas, atenta(o). Em silêncio, interiormente, comece a repetir uma única palavra. Recomendamos a palavra-oração "Maranatha". Recite-a em quatro silabas de igual duração. Ouça-a à medida que a pronuncia, suavemente mas continuamente. Não pense, nem imagine nada, nem de ordem espiritual, nem de qualquer outra ordem. Pensamentos e imagens provavelmente afluirão, mas, deixe-os passar. Simplesmente, continue a voltar sua atenção, com humildade e simplicidade, à fiel repetição de sua palavra, do início ao fim de sua meditação.