John Main OSB - WCCM
"Um Monaquismo Novo" - Leitura de 13/09/2010
MONASTERY WITHOUT WALLS: The Spiritual Letters of John Main (London: Canterbury Press, 2007) pgs. 25-26.
Tradução de Roldano Giuntoli
 

Quão amiúde, ao nos dirigirmos a Deus, estamos falando de nós mesmos: ajuda-me a fazer isso, a ser aquilo.  Por mais altruísta que a intenção subjacente possa ser, a própria estrutura da linguagem nos mantém como o centro de nossa própria consciência.  O mesmo também se aplica àqueles que podem não ter a referência de uma estrutura religiosa, mas cuja prática espiritual é a própria referência.  Mesmo que não se utilizem de palavras, ou que não abriguem nenhuma imagem de Deus, e que não estejam pedindo favores, o perigo da fixação no ego é o mesmo.  É precisamente isso o que precisamos abandonar, para que possamos nos aprofundar.  Na jornada, não há como ficar parado, ou à deriva.  Caso nos tornemos espiritualmente complacentes, cairemos de volta ao nosso próprio centro de gravidade.  Seremos novamente atraídos à órbita do ego que se reflete a si mesmo.  Meditamos para evitarmos esse desmoronamento em nós mesmos, para ficarmos alertas e acordados.  Na meditação, Deus, o mistério, está sempre no centro.  À medida que nos movimentamos em direção à união com aquele centro, passamos a conhecer a Deus por meio da luz divina.  Essa movimentação tem por nome amor, e a experimentamos como uma gradual perda de identidade e de consciência de si.[...]

[N]osso período de oração precisa do compromisso da mais completa abertura de que somos capazes: abertura para a realidade da presença, e não para “imaginação vã”.  Na meditação abandonamos todas as idéias e imagens, e todo o imaginário da consciência mental no qual combinamos pensamentos e imagens, porque são originários de nossa consciência limitada.  Todas as imagens estão conectadas a uma imagem central do eu, e à grande ilusão de permanência independente, a que chamamos ego.  Suas energias propulsoras são o medo e o desejo, os opostos de amor e verdade e, assim, ele é o “pai das mentiras”.  Trata-se de uma ilusão, porque o verdadeiro eu não tem imagem.  Ele é consciência total, não diferenciada.

A consciência humana é limitada e está dividida pela imagem falsa, pela sombra do ego.  A luz do Cristo, no qual não há escuridão, é que a torna inteira, sem que a objetificação da inividualização do ser possa nela lançar qualquer sombra.

Medite por Trinta Minutos
Lembre-se: Sente-se. Sente-se imóvel e, com a coluna ereta. Feche levemente os olhos. Sente-se relaxado, mas, atento. Em silêncio, interiormente, comece a repetir uma única palavra. Recomendamos a palavra-oração "Maranatha". Recite-a em quatro silabas de igual duração. Ouça-a à medida que a pronuncia, suavemente mas continuamente. Não pense nem imagine nada, nem de ordem espiritual, nem de qualquer outra ordem. Pensamentos e imagens provavelmente afluirão, mas, deixe-os passar. Simplesmente, continue a voltar sua atenção, com humildade e simplicidade, à fiel repetição de sua palavra, do início ao fim de sua meditação.

 
 
Comunidade Mundial de Meditação Cristã